Um dos atractivos de viver fora do país é o de poder viver pouco condicionada pelo passaporte. Sempre me fizeram confusão aqueles alunos Portugueses que se metem no Erasmus para passarem o tempo rodeados de outros estudantes lusitanos. É como pagar para ir à feira popular mas não andar em nenhum dos carrosséis - uma experiência de espectador, sem vivência. Estas pessoas são as mesmas que acreditam que os nórdicos são frios, que os bifes são arrogantes, que os americanos são ignorantes e por aí fora. É mais fácil viver no conforto caseiro das cumplicidades linguísticas e nacionais.
E é por isto que Eça Queiroz me faz rir. Um homem cuja racionalidade residia no iluminismo Europeu, e que fez da sua obra a crítica dos sistemas e dos costumes nacionais. Eça ficava perdido com a estagnação do país, fechado aos debates que estavam a acontecer noutras partes do mundo. E no entanto Eça, que teve o privilégio de morar em Inglaterra e, depois, doze anos em Paris, foi na sua vida privada o mais tacanho dos Portugueses:
Não que Eça tivesse passado a conviver com franceses. Ao longo de doze anos, coisa extraordinária, jamais fez um amigo desta nacionalidade... Eça passava os serões entre alguns brasileiros, que ali se haviam radicado, e os Portugueses que passavam por Paris.
Mónica, Maria Filomena (2001) Eça de Queiroz, Lisboa: Quetzal.
Eça sabia da consideração que Émile Zola tinha pelos seus escritos, tendo Eça uma admiração profunda pela obra de Zola. Estiveram uma vez debaixo do mesmo tecto. Eça nunca procurou Zola antes ou depois disso. Viveu em Paris, perto dos seus pares literários, mas era com Lisboa que continuava a falar. Típico.
Boa tarde, estou a pensar em ir estudar e trabalhar para fora de Portugal, e gostaria de saber se Escócia é um país de oportunidades, aqui deixo o meu contacto:
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Posted by: Jaci | March 03, 2011 at 12:36 PM