...Eça vai-nos dando um retrato muito negativo dos políticos. A 17 de Janeiro [de 1867] apresentava-os como um grupo “longe do povo, dos seus interesses, dos seus tormentos, da sua alma”. Segundo ele, os políticos, todos os políticos, mais não fariam do que dedicar os seu tempo a combates inúteis, num movimento que “ondeia lentamente de S. Bento às secretarias e das secretarias ao Conselho de Estado”.
Sobre os deputados dizia: “O seu horizonte político não passa daquele círculo que descreve o braço de um ministro, num gesto imperativo. Não são homens livres que ali vão representar o País, são simplesmente mandatários oficiais que representam o governo.” A sua opinião sobre o parlamento não podia ser pior: “A câmara dos deputados resume-se a uma realidade, a maioria. O resto, o que se convencionou chamar a minoria, são alguns homens honrados, alguns descontentes, que se ligam maquinalmente, por vezes inteligentemente, para protestar com o seu voto e com a sua palavra contra todas as prepotências que a maioria vota e vence.”
in Mónica, Maria Filomena (2001) Eça de Queiroz, Lisboa: Quetzal Editores, p. 42.
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