Peixe Fora De Água

TV? It reminds you how lazy you are

Get off your fat arse and recover a ruin

Uma noite de televisão britânica. Na BBC1, um documentário sobre um tipo que teve apenas 3 meses de preparação para percorrer as 350 milhas (sim, mais de 500 kms) da corrida do Pólo Norte. Implica caminhar durante quase um mês com uma carga às costas equivalente ao peso de um ser humano. O dito cobaia Paul não só conseguiu, como ainda estava na equipa que chegou em primeiro lugar. Nenhuma consideração pelas pessoas que como eu estavam sentadas no sofá a devorar a terceira sobremesa do dia (hmmm). Ofendida por tal ousadia, mudei de canal. No Channel Four um casal de reformados exibia-se. Compraram uma casa de três andares em ruínas, no idílico mundo rural francês, e decidiram reconstruí-la por inteiro sem a ajuda de ninguém, a não ser de uns tipos que faziam janelas rústicas por medida. Tudo: casas de banho, paredes, vigas, tubagem, electricidades, telhados, e o raio que os partam. Não falavam uma ponta de francês. Está tudo explicado nesta página. Conclusão: vou ali suicidar-me e já volto. Sou uma inútil. (Será que estes gajos nunca ouviram falar do João Baião?)

Destaque do dia

Um poema bem disposto publicado esta manhã no Abrupto: What Almost Every Woman Knows Sooner or Later, por Ogden Nash.

Looking back to China

Alguma vez tiveram aquela sensação de estarem numa conversa de grupo onde se fala do poder da língua inglesa, do poder norte-americano, do poder do primeiro mundo, e no meio daquilo tudo há uma voz dentro de nós que grita em modo cerebral silencioso "E A CHINA, CARAÇAS, E A CHINA?". Devia falar-se mais da China. Pois para aqueles que estão interessados na China, a BBC RAdio 4 transmitiu esta manhã um programa que aborda as relações entre o Reino Unido e a China, comparando-as com as primeiras missões diplomáticas de há séculos atrás (cliquem em Long View, The).

What a girl wants

Lemon and poppy seed cake

Yummy... Maybe I will bake it tommorrow, with limes instead of lemons.

(Stop the press! Esta receita é um fracasso. Vou à procura de outra melhor. Aguardem).

The rules of engagement: what not to say

What not to say: "you look like Nana Mouskouri"

On my way to the hairdresser’s I made the big mistake of asking mcgregor what he thought of my new plans for winter hair. He agreed with ideas about fringes and colours, but added “I mean anything really that takes away that Nana Mouskouri look”. Not only this did not score him any points (or rather, it did score him a lot of negative ones), it also did not bring any relevant information to the case. I ditched the glasses nearly a year ago. Is it possible to come up with a more asexual reference than Mouskouri? Considering she is an icon for the primary teacher look across continents, that really did not make my day. Anyway, I've got a plan. I am going to spend the night correcting spelling mistakes on mcgregor’s notepad. That will teach him…

Take everything with a pinch

Take everything with a pinch of salt. A minha vida seria muito mais fácil se eu seguisse este sábio provérbio. Sinto-me como um tribunal, um árbitro. Sou uma daquelas bolas de borrachas que saltam mais do que esperaríamos, de parede em parede, todas muito irregulares. Estou cansada.

The Gospel: Don't ask a

The Gospel: Don't ask a woman her age. Women and music are timeless.

The atheist

God, the religious ladies and foucault

The bell rings. Two ladies stand at the door, saying they're just visiting neighbours. They show me a colorfoul magazine, with the letters G O D on the cover and say:
- We wanted to talk to you about God
- Sorry, I say, but I am an atheist
- Is that because of all the things that you have seen in the world?, the taller one asks.
- Yes it is, and particularly because I enrolled for a PhD six years ago and where was God then to tell me that discourse analysis does not necessary need to depart from a Foucaultian point of view?
- I see, maybe we could help you.
- Do you want to come up and write the conclusion for me? I thought so. Sorry, i need to go back to work.

Maybe I should have told them that I belong to a Satanic Cult. I mean, is that more or less scary than Foucault?

Guia de respostas rápidas

Um fim de semana das habituais perguntas “quando é que te casas?”, “do que é que estás à espera?”, “e não gostavas de ser mãe? Já tens 31 anos”. As minhas amigas sofrem ainda mais do que eu, porque moram em Portugal pelo menos 340 dias por ano. Aqui vai um guia de respostas para eventuais situações:

Quando é que te casas?
Quando legalisarem os casamentos homosexuais.
Quando tiver 6 mil contos para torrar num jantar para 200 pessoas, a maioria das quais não me telefona há mais de cinco anos.
Quando tiver que ceder a pressões estúpidas de pessoas como tu.
Quando o meu cérebro for reduzido a uma ervilha perante a visão de um vestido branco que a maioria de nós acharia risível em qualquer outra circunstância.

Não gostavas de ser mãe?
Gostava, mas laquearam-me as trompas ontem por causa de um quisto
Gostava, mas sou infértil.
Não, eu detesto crianças. Não te importas de limpar a baba do teu filho dos meus sapatos?
Não, prefiro ter sexo todas as noites.
Não, gostava de poder continuar a ter outras conversas com as minhas amigas que não estivessem relacionadas com o número de gracinhas que um puto que nem falar sabe faz. Prefiro ir ao circo.

Se depois disto a amiga não ficar incomodada só há uma solução. Soltar um peido mal cheiroso.

I love airports

Airport scene in Love Actually

I love airports for two reasons. One of them is escapism, and that happens predictably in winter, when ‘the new season entrenches the city covering it almost everyday by an ominous grey sky’*. But the real emotional hunt which makes me want to seat in an airport terminal for days, as if the building itself was a giant screen for the motion pictures, is the sheer concentration of human existence that takes place in these most impersonal of buildings. There is love and hugs for those who arrive and depart; dream and anticipation for those who are travelling to new landscapes; the tiredness and frustration of the business traveller; the sadness of those who fly in for funerals; the joy of grandparents wanting to catch a glimpse of their newborn generation.

Terminals are confined environments that do not let your eyes out to the landscape. Yet as soon as you enter them you are hit by an alien soundscape. Dozens of languages which intertwine, merge, and come out again in the giggly screams of a child running around the baggage collection point. I landed in Lisbon airport last weekend and was immediately struck by a sense of effortless familiarity I could not describe. Then it hit me: it was the background noise of vocal sounds I had grown up with. And that felt special.

* for a beautiful description of the anticipation of travel, click on the audio file of this link.